A incorporadora imobiliária Evergrande, gigante do setor de construção na China, causou pânico em bolsas de valores no mundo inteiro na segunda (20/9) em meio a notícias de que a empresa corria risco de dar calote em parte de sua dívida bilionária, que passa de US$ 300 bilhões.
O mau humor foi sendo dissipado com a avaliação de que a probabilidade de o episódio se tornar o “Lehman Brothers da China”, uma referência à quebra do banco americano que catalisou a crise financeira global de 2008, não era tão grande.
Entre os argumentos está o fato de que o mercado financeiro chinês é bem mais fechado, o que reduz o potencial de contágio em escala mundial, e a possibilidade de que o governo interfira para evitar os desdobramentos negativos — uma marca do “capitalismo de Estado” praticado pela China.
Mas esse não é o único temor dos analistas.
O problema de liquidez da Evergrande colocou sob os holofotes um jogo de forças que há algum tempo vem mexendo com o setor imobiliário da China. De um lado estão as empresas, que há anos têm contribuído para o crescimento agressivo do país tomando muito dinheiro emprestado. De outro, o governo, que agora tenta impor limites a um endividamento que enxerga como excessivo.
Assim, a crise na gigante do setor pode ser prenúncio de algo maior, a desaceleração do setor da construção, que responde por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês. Nesse cenário, o Brasil, que fornece uma parte relevante do minério de ferro usado para erguer os arranha-céus no país, está no topo da lista dos potenciais prejudicados.
fonte bbc