Um estudo publicado na revista científica The Lancet, que apontou queda de quase 90% nos casos de câncer de colo de útero entre vacinadas contra HPV, gerou uma onda de otimismo e confiança na imunização.
Mas também despertou dúvidas sobre a vacina, a infecção sexualmente transmissível e a pesquisa em si, que consolidou resultados positivos que já vinham sendo percebidos por médicos e especialistas.
Afinal, o que é exatamente esse vírus, quais são os sintomas e como se proteger? Como é o tratamento? Homens também são afetados? Quem tem direito à vacina
Na pesquisa, feita na Inglaterra com dados de mulheres de 20 a 64 anos coletados entre 2006 e 2019, foram analisados os impactos do imunizante entre vacinadas e não vacinadas contra o HPV.
Isso foi feito a partir dos diagnósticos do câncer de colo de útero ou cervical entre as participantes ou detecções de alterações anormais de células do colo do útero que podem indicar uma espécie de fase pré-câncer, chamadas de neoplasia intraepitelial cervical (ou NIC3).
Ficou evidente para os pesquisadores a significativa redução dos dois indicadores após o início do programa de imunização contra o HPV, em 2008.
Um exemplo: as vacinadas entre 12 e 13 anos, hoje na casa dos 20 anos, apresentaram incidência de câncer cervical 87% menor em comparação às mulheres não vacinadas.
Os dados da pesquisa apontaram que essa faixa etária está ligada à maior eficácia da vacina porque as garotas nessa idade tiveram pouca ou nenhuma exposição prévia ao HPV, transmitido principalmente pela via sexual.
Mas qual é a relação entre HPV e câncer de colo de útero, quarto tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo
No mundo, são 342 mil mortes por ano, sendo 90% delas em países de renda baixa e média, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.
Como se contrai o HPV e quais são os sintomas?
HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é um conjunto de vírus que podem infectar a pele e a mucosa de algumas partes do corpo feminino e masculino, como vulva, vagina, colo do útero, pênis e região perianal.
Segundo a Febrasgo, há mais de 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 são capazes de infectar o trato genital de homens e mulheres, e 13 são considerados oncogênicos — ou seja, com altas chances de desenvolver infecções constantes e capacidade de causar câncer.
Dois tipos de HPV, 16 e 18, são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais e lesões cervicais pré-cancerosas.
Já os tipos 6 e 11, apesar de não oncogênicos, aparecem em 90% das lesões (como papilomas laríngeos e condilomas genitais).