Em um movimento tenso no cenário diplomático latino-americano, a Venezuela retira seus representantes do Paraguai após declarações de apoio à oposição.
A Venezuela anunciou o rompimento oficial das relações diplomáticas com o Paraguai, depois que o presidente paraguaio, Santiago Peña, expressou apoio ao opositor Edmundo González, reconhecendo-o como vencedor da eleição presidencial de 2024. A decisão ocorre às vésperas da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato, marcado para o dia 10 de janeiro. O ato de Peña é visto como uma afronta por Caracas, que acusa o governo paraguaio de interferência nos assuntos internos da Venezuela.
Apoio Internacional à Oposição:
A postura do governo paraguaio é alinhada com outros países, como os Estados Unidos e parte da União Europeia, que não reconhecem os resultados das eleições de 2024. Edmundo González, que se autoproclama vencedor das eleições, tem sido amplamente apoiado por figuras políticas internacionais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o assessor de Segurança Nacional do presidente eleito, Donald Trump. González se reuniu com autoridades norte-americanas em Washington e garantiu que o apoio internacional seria fundamental para suas intenções políticas na Venezuela.
Reação de Caracas:
Em resposta ao apoio do Paraguai à oposição, o governo de Nicolás Maduro determinou a retirada dos diplomatas venezuelanos do país e emitiu um comunicado em que acusa Peña de violar o princípio do direito internacional de não intervenção. O governo venezuelano ainda declarou que ações semelhantes às do Paraguai, como as promovidas pelo Grupo de Lima, criado em 2017, resultaram em fracasso político e social. A Venezuela considera essa postura como uma tentativa de desestabilizar o país e apoiar agendas externas contra a soberania nacional.
Relações com a Argentina e Outros Países:
Além do Paraguai, o governo de Maduro também fez acusações contra a Argentina, afirmando que o governo de Javier Milei está envolvido em ações de desestabilização política, incluindo um suposto plano para assassinar a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez. A Venezuela acusa os serviços de inteligência argentinos de orquestrar tais operações. Já o México, apesar de ter se alinhado com a defesa da autodeterminação dos povos, reafirmou sua postura de enviar um representante à posse de Maduro.
Impacto nas Relações Regionais:
O rompimento com o Paraguai, somado à rejeição das eleições de 2024 por vários países latino-americanos, coloca a Venezuela em uma posição diplomática isolada na América do Sul. A tensão também se reflete nas relações com a Argentina, Chile, e Uruguai, que, assim como o Paraguai, não reconhecem a vitória de Maduro e têm enfrentado dificuldades com serviços consulares devido à crise diplomática.
A Expectativa pela Posse de Maduro:
Enquanto a Venezuela enfrenta desafios diplomáticos significativos, mais de 2.000 convidados internacionais, incluindo representantes de governos e movimentos sociais, estão no país para acompanhar a posse de Nicolás Maduro. Apesar da oposição e das críticas, o governo de Caracas segue se preparando para o evento, com o apoio de aliados como México e Rússia. No entanto, o futuro das relações com o Brasil e a Colômbia permanece incerto, com ambos os países ainda sem um posicionamento claro sobre o evento.
O rompimento das relações diplomáticas entre a Venezuela e o Paraguai reflete a crescente polarização política na América do Sul em torno da crise venezuelana. A disputa sobre a legitimidade das eleições de 2024 continua a dividir o continente, enquanto Maduro se prepara para tomar posse em um ambiente de forte contestação internacional. Com as tensões em alta, o desenrolar da situação promete impactar ainda mais a política regional nos próximos meses.