Os republicanos do Texas votaram para rastrear e prender os mais de 50 legisladores democratas que fugiram do estado para impedir uma votação sobre um controverso plano de redistritamento que favoreceria significativamente os conservadores.

A votação foi aprovada por 85 a 6, depois que o governador republicano Greg Abbott ameaçou acusar os democratas ausentes de suborno.

Após a votação, o governador ordenou que os policiais estaduais “localizassem, prendessem e devolvessem à Câmara qualquer membro que tivesse abandonado seu dever para com os texanos”.

O mapa proposto para o Congresso, revelado na semana passada pelos republicanos, criaria mais assentos republicanos na Câmara dos Representantes dos EUA, em Washington DC, onde eles detêm atualmente uma pequena maioria.

Pelo menos dois terços dos 150 membros do corpo legislativo estadual devem estar presentes para que a votação prossiga. O quórum se tornou inalcançável quando mais de 50 parlamentares democratas deixaram o estado.

O presidente da Câmara do Texas, Dustin Burrows, disse aos repórteres após a votação que havia “assinado os mandados de prisão civil” para os democratas.

A maioria dos democratas fugiu para Illinois, onde o governador do estado, JB Pritzker, disse que “faria tudo o que pudesse para proteger cada um deles” em meio a ameaças de prisão de Abbott.

Os democratas disseram que planejam ficar longe do Texas por duas semanas até o final de uma sessão legislativa especial.

Faremos o que for preciso. Não sabemos como será”, disse Gene Wu, líder da bancada democrata na Câmara do Texas.

A votação de segunda-feira é em grande parte simbólica, de acordo com o Texas Tribune , já que os mandados só se aplicam dentro dos limites estaduais.

A medida autoriza o sargento de armas da câmara e os policiais estaduais a prender os legisladores ausentes e entregá-los ao prédio do capitólio estadual em Austin.

Eles não enfrentariam nenhuma acusação civil ou criminal como resultado do mandado, relata o jornal.

O governador republicano Greg Abbott alertou anteriormente que os legisladores que se recusarem a voltar a votar no mapa poderão enfrentar acusações de crime de segundo grau.

“Seria suborno se qualquer parlamentar aceitasse dinheiro para realizar ou se recusar a realizar um ato na legislatura”, disse Abbott à Fox News na segunda-feira. “E os relatos indicam que esses parlamentares tanto buscaram quanto ofereceram dinheiro para não comparecer à votação, para deixar a legislatura, para adotar um ato legislativo. Isso seria suborno.”

Depois que os legisladores votaram para emitir mandados contra os democratas, Abbott emitiu uma declaração ordenando que o Departamento de Segurança Pública do Texas “localizasse, prendesse e devolvesse à Câmara qualquer membro que tivesse abandonado seu dever para com os texanos”.

Ele acrescentou que sua ordem permanecerá em vigor “até que todos os membros democratas desaparecidos da Câmara sejam encontrados e levados ao Capitólio do Texas”.

O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, um republicano, também ameaçou prender os líderes democratas.

Paxton, que atualmente está concorrendo ao Senado dos EUA, escreveu no X que o estado deveria “usar todas as ferramentas à nossa disposição para caçar aqueles que pensam estar acima da lei”.

No nível federal, em Washington, os republicanos do Texas atualmente detêm 25 das 38 cadeiras do Congresso do estado.

Eles esperam que os novos mapas possam aumentar esse número para 30 — todos em distritos eleitorais onde o presidente Donald Trump venceu em novembro passado por pelo menos 10 pontos.

O partido de Trump atualmente tem 219 das 435 cadeiras na Câmara dos Representantes dos EUA, enquanto os democratas detêm 212. O redistritamento pode ajudar a fortalecer a pequena maioria republicana na Câmara, que é a câmara baixa do Congresso.

Tanto republicanos quanto democratas foram acusados de manipular os limites de um distrito eleitoral — prática comumente conhecida como gerrymandering.

Alguns líderes democratas em outros estados sugeriram que podem redesenhar seus próprios mapas legislativos para combater as perdas de assentos propostas no Texas.

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse que estava explorando uma emenda constitucional para antecipar o cronograma de reformulação das linhas legislativas em seu estado.

Nova York — juntamente com Califórnia, Colorado e Washington — atribui a redistribuição de distritos a comissões independentes e apartidárias, em vez das legislaturas estaduais.

Os estados normalmente passam por redistritamento a cada 10 anos, quando os mapas de votação são redesenhados para levar em conta as mudanças populacionais.

O censo mais recente dos EUA foi em 2020. Redesenhar os limites dos distritos no meio de uma década é incomum.