Se você, assim como eu, acompanhou e torceu pela campanha do filme Ainda Estou Aqui ao Oscar, encabeçada pela Sony Classics (distribuidora do filme nos Estados Unidos), acompanhando a rotina frenética de entrevistas de Fernanda Torres, Walter Salles e Selton Mello, talvez esteja sentindo agora uma mistura de euforia e abstinência.
É bem verdade que foram dias tensos. A simples ideia de que Emilia Perez — o controverso filme francês indicado a 13 categorias — pudesse levar embora nosso prêmio de Melhor Filme Internacional foi suficiente para me deixar ansiosa. Meu analista chegou a oferecer uma consulta de emergência caso o pior acontecesse…
Exagero? Talvez. Mas como não se emocionar e torcer por um filme que não apenas levou a cultura brasileira, nosso idioma, música e história para tantos países, mas também movimentou as bilheteiras no Brasil como há anos um longa nacional não fazia?
O filme alcançou um feito histórico ao ser indicado a Melhor Filme no Oscar, além das nomeações já esperadas para Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres, após a atriz conquistar o Globo de Ouro. Ainda Estou Aqui ganhou 50 das 59 indicações em premiações como o BAFTA, Goya, Festival de Veneza, entre outras. O apoio de nomes renomados, como o diretor alemão Wim Wenders, foi emocionante de acompanhar — ele fez questão de encabeçar uma apresentação do filme em Berlim, já que a equipe brasileira não poderia estar presente para a campanha no país, segundo Walter Salles compartilhou em uma coletiva de imprensa. No Rotten Tomatoes, o longa ostenta 97% de aprovação da crítica especializada e 98% do público geral, baseado em mais de 5.000 avaliações.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Cultura, o filme já atraiu mais de 5 milhões de espectadores e arrecadou R$ 104,7 milhões, tornando-se a terceira maior bilheteria nacional desde 2018, atrás apenas de Minha Mãe é uma Peça 3 (2018) e Nada a Perder (2019). Além disso, a Prefeitura do Rio anunciou que o icônico imóvel no bairro da Urca, onde se passa parte do filme, será transformado na Casa do Cinema Brasileiro e abrigará a RioFilme, impulsionando ainda mais a produção audiovisual no país.
Essas são apenas algumas das muitas conquistas que essa vitória trará para a indústria cinematográfica nacional, que já começa a colher frutos. O prestigiado Festival de Cannes escolheu o Brasil como o País de Honra do Marché du Film em 2025, o maior mercado internacional de cinema. O reconhecimento não veio por acaso — nosso cinema já é potente, criativo e cheio de identidade, e agora ganha ainda mais visibilidade no cenário global. Em colaboração com o Ministério da Cultura e o Ministério das Relações Exteriores, através do Instituto Guimarães Rosa, essa participação destacará a vitalidade do setor audiovisual brasileiro e fortalecerá parcerias internacionais por meio da Saison Brésil-France, que celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
E pensar que tudo começou com aquele frio na barriga, acompanhando cada nova indicação, cada análise da imprensa internacional, cada aparição carismática, irreverente e inteligente de Fernanda Torres, torcendo com toda a esperança. Até que o Brasil brilhou, e está conquistando ainda mais espaço nos holofotes do cinema mundial. O futuro é dourado para a nossa sétima arte — e já temos novas histórias chegando para nos emocionar, como O Último Azul, dirigido por Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim no mês passado!
Ainda Estou Aqui segue em exibição nos cinemas e também está disponível para aluguel digital. Então, se você ainda não assistiu (ou quer reviver essa emoção), aproveite!