O consumo excessivo de açúcar na dieta moderna tem impactos profundos no neurodesenvolvimento, especialmente em crianças. Estudos indicam que a ingestão elevada de açúcar afeta a memória, a neurogênese hipocampal e aumenta os riscos de transtornos como TDAH e TEA.
Crianças que consomem mais de 200 mL diários de bebidas açucaradas antes dos 2 anos apresentam um risco 17% MAIOR de desenvolver TDAH, evidenciando como a exposição precoce ao açúcar compromete funções cerebrais.
A dependência do cérebro pela glicose o torna vulnerável, pois, enquanto fornece energia rápida, também gera instabilidade metabólica. Picos glicêmicos resultam em estresse oxidativo, afetando as mitocôndrias e prejudicando a plasticidade sináptica, enquanto as quedas abruptas impactam negativamente a atenção e o desempenho cognitivo. O açúcar modula circuitos de dopamina de forma semelhante a substâncias viciantes, incentivando comportamentos compulsivos e exacerbando sintomas de hiperatividade e impulsividade, agravando o TDAH.
Além disso, seu impacto na microbiota intestinal prejudica a comunicação entre intestino e cérebro, elevando marcadores inflamatórios e reduzindo a disponibilidade de triptofano, essencial para a síntese de serotonina. A frutose altera a via da quinurenina, desviando o metabolismo do triptofano para substâncias neurotóxicas associadas ao TEA e à esquizofrenia. Açúcares adicionados também aumentam a inflamação sistêmica, ativando citocinas pró-inflamatórias que comprometem a barreira hematoencefálica e desencadeiam apoptose neuronal.
Em crianças autistas, a inflamação crônica está ligada a sensibilidades sensoriais, sugerindo que intervenções dietéticas podem auxiliar no tratamento dos sintomas.
Para reduzir os impactos do açúcar, é essencial adotar estratégias como a substituição gradual de alimentos açucarados por fontes naturais, o equilíbrio de macronutrientes e o consumo de alimentos fermentados (sem lácteos) para restaurar a microbiota.
Intervenções comportamentais e mudanças na alimentação alimentar escolar também podem contribuir para um desenvolvimento neurológico mais saudável.
Fonte: @DraTiellemachado