Presidente brasileiro também criticou a retirada dos EUA de acordos internacionais e defendeu respeito à soberania dos países.
30 de janeiro de 2025 – Em declaração nesta quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil adotará medidas de reciprocidade caso os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, optem por aumentar as tarifas sobre produtos brasileiros.
“É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples”, disse Lula, ao responder perguntas de jornalistas.
A declaração do presidente ocorre em meio às ameaças de Trump, que indicou a possibilidade de aumentar as tarifas sobre produtos de diversos países, incluindo Brasil, China e Índia. A estratégia tem sido justificada pelo governo norte-americano como um meio de fortalecer a indústria doméstica e aumentar a arrecadação do país.
Lula também fez críticas à postura do presidente americano em relação a acordos internacionais, como a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Acho que isso, de descumprir o Acordo de Paris e não dar dinheiro para a OMS, é uma regressão à civilização humana”, declarou.
impactos econômicos e desafios diplomáticos
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, as exportações brasileiras para o mercado norte-americano atingiram um recorde de US$ 40,3 bilhões, e qualquer aumento tarifário pode impactar setores como a indústria de transformação, agronegócio e aço.
Especialistas apontam que uma escalada protecionista por parte dos EUA pode gerar impacto negativo para ambos os países. “Seria ruim para serviços, indústrias e principalmente consumidores americanos”, avalia Arno Gleisner, diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra). Contudo, ele destaca que o Brasil também sofreria consequências ao perder espaço em um mercado estratégico.
Embora Lula tenha adotado um tom firme na resposta a Trump, ele também sinalizou interesse em manter boas relações com Washington. “Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que o Trump respeite o Brasil. É só isso. Se isso acontecer, está de bom tamanho”, concluiu o presidente.
O posicionamento do governo brasileiro deve ser acompanhado de perto, já que o histórico de relação entre os dois países sugere que medidas de retaliação tarifária podem resultar em impactos para setores chave da economia. Resta saber se a diplomacia comercial brasileira conseguirá contornar eventuais atritos e minimizar prejuízos