Trump ameaça tentar retomar o controle do Canal do Panamá
O presidente eleito Donald Trump exigiu que o Panamá reduza as taxas no Canal do Panamá ou o devolva ao controle dos EUA, acusando o país centro-americano de cobrar “preços exorbitantes” de navios e embarcações navais americanos.
“As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, altamente injustas”, disse ele a uma multidão de apoiadores no Arizona no domingo.
“Essa completa exploração do nosso país vai parar imediatamente”, disse ele, referindo-se à sua posse no mês que vem.
Seus comentários provocaram uma rápida repreensão do presidente do Panamá, que disse que “cada metro quadrado” do canal e da área ao redor pertencem ao seu país.
O presidente José Raúl Mulino acrescentou que a soberania e a independência do Panamá não são negociáveis.
Trump fez os comentários aos apoiadores do Turning Point USA, um grupo ativista conservador que forneceu apoio significativo à sua campanha eleitoral de 2024.
Foi um raro exemplo de um líder dos EUA dizendo que poderia pressionar um país a entregar território — embora não tenha explicado como faria isso — e um sinal de como a política externa e a diplomacia americana podem mudar quando ele assumir a Casa Branca após sua posse em 20 de janeiro.
Os comentários de Trump seguiram uma publicação semelhante no dia anterior, na qual ele disse que o Canal do Panamá era um “bem nacional vital” para os EUA.
Se as tarifas de transporte não forem reduzidas, disse Trump no domingo, “exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido a nós, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”.
O Canal do Panamá, com 82 km de extensão, atravessa o país centro-americano e é a principal ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Foi construído no início dos anos 1900 e os EUA mantiveram o controle sobre a zona do canal até 1977, quando tratados gradualmente cederam a terra de volta ao Panamá. Após um período de controle conjunto, o Panamá assumiu o controle exclusivo em 1999.
Até 14.000 navios cruzam o canal por ano, incluindo navios porta-contêineres transportando carros, gás natural e outros produtos, além de embarcações militares.
Assim como o Panamá, o presidente eleito também mirou no Canadá e no México sobre o que ele chamou de práticas comerciais injustas. Ele os acusou de permitir drogas e imigrantes nos EUA, embora tenha chamado a presidente mexicana Claudia Sheinbaum de uma “mulher maravilhosa”.
Trump aborda os temas habituais
Trump fez seus comentários diante de milhares de pessoas na conferência anual do Turning Point, um dos maiores encontros de ativistas conservadores do país.
A Turning Point investiu enormes recursos em esforços para incentivar o voto em estados indecisos, com o objetivo de apoiar Trump e outros republicanos durante a campanha eleitoral.
Foi seu primeiro discurso desde que um acordo foi aprovado pelo Congresso esta semana para manter o governo dos EUA aberto, depois que várias disposições foram removidas, incluindo uma que aumentaria o teto da dívida do país.
Trump apoiou o aumento do teto da dívida, que restringe a quantidade de dinheiro que o governo dos EUA pode tomar emprestado.
Mas seu discurso no domingo evitou completamente essa questão, em vez disso recapitulando sua vitória eleitoral e abordando temas – incluindo imigração, crime e comércio exterior – que eram os pilares de sua campanha.
No entanto, ele mencionou Elon Musk.
“Sabe, eles estão em uma nova onda”, ele disse. “Todas as diferentes farsas. A nova é que o presidente Trump cedeu a presidência para Elon Musk.”
“Não, não, isso não vai acontecer”, ele disse. “Ele não vai ser presidente.”
Vários palestrantes aqui na conferência criticaram os gastos do governo e os políticos de ambos os partidos – no entanto, as divisões dentro do Partido Republicano que ocorreram no Congresso nos últimos dias foram, em grande parte, silenciadas.
